Aquecimento

ONU alerta para falta de informação sobre o clima

11300378mTragédias como as que assolam o Rio de Janeiro e a Austrália são causadas por diversos fatores, como ocupação irregular, conjunção de fenômenos climáticos e despreparo das autoridades. Apesar de ainda não ser possível afirmar qual é o real papel das mudanças climáticas nessas catástrofes, elas deixam claro os custos humanos e econômicos que estamos sujeitos se não nos adaptarmos à maior volatilidade do clima no futuro.

Cientistas do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) consideram como certo o aumento da frequência e intensidade dos fenômenos climáticos extremos se o planeta continuar aquecendo. Diante disso, a ONU preparou um relatório que demonstra como ainda são insuficientes as informações sobre as mudanças climáticas disponíveis para a iniciativa privada e como isso irá dificultar a nossa adaptação.

O estudo “Advancing adaptation through climate information services” (Avançando a adaptação através de serviços climáticos de informação), publicado pela Iniciativa de Financiamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA FI) em parceria com o Instituto Alemão de Negócios Sustentáveis (SBI), ouviu 60 instituições financeiras de todo o planeta para descobrir a quantidade de informações sobre mudanças climáticas que essas entidades recebem e como elas são trabalhadas.

Conhecer a qualidade das informações que chegam a essas companhias é muito relevante, pois são justamente as seguradoras as primeiras entidades privadas a se mobilizar e se adaptar às mudanças climáticas. Pela lógica, essas empresas têm muito a perder a cada nova catástrofe climática, então se mesmo as seguradoras estão defasadas e despreparadas com relação às transformações no clima a situação é bastante ruim.

Além disso, as instituições financeiras têm a capacidade de mobilizar todos os setores da economia, alertando sobre os riscos que determinados investimentos podem trazer ou sobre a necessidade de modificar instalações já existentes.

O PNUMA acredita que essa preocupação em evitar prejuízos econômicos acabaria refletindo também na vida das pessoas e traria benefícios a toda sociedade.

“Instituições financeiras são especialistas em identificar, quantificar e precificar riscos. Essa características são muito importantes para a sociedade entender as consequências das mudanças climáticas”, explicou Mark Fulton, diretor do Deutsche Bank e co-presidente do grupo de trabalho de mudanças climáticas do UNEP FI.

A pesquisa identificou que não há a quantidade de informações suficientes chegando para essas empresas e mesmo as que chegam não possuem a qualidade necessária.

Os executivos responderam que precisam ter em mãos mais dados sobre previsões, modelos climáticos e tendências. Além disso, seria necessário melhorar a “tradução” das pesquisas científicas para uma linguagem mais fácil de ser absorvida.

O relatório recomenda uma maior interação entre cientistas e a iniciativa privada para garantir que as informações trafeguem com mais agilidade. Também pede por mais incentivos públicos para a tarefa de intercâmbio e “tradução” de informações.

“Estamos negligenciando o papel que o setor privado pode ter na adaptação às mudanças climáticas. Este estudo identifica o que é necessário para que as instituições financeiras possam começar a exercer esse papel”, concluiu Paul Clements-Hunt, presidente do UNEP FI.

Fonte: Carbono Brasil