Estávamos na metade de março de 2020, em Salgueiro, no Sertão pernambucano. Era semana pós-carnaval e muitos ainda se recuperavam da ressaca da animada folia carnavalesca. Na TV e alguns portais de notícias falavam de um tal vírus estava uma provocando uma pneumonia misteriosa na China, mas em Salgueiro a grande massa da população não sabia o que era isso, nem tinha noção do estrago que esse patógeno causaria em nossa sociedade. Em breve saberíamos.
Na época, o prefeito Clebel Cordeiro estava de férias e quem respondia pela prefeitura era o vice, Dr. Chico Sampaio. Foi ele quem assinou o primeiro decreto de medidas para contenção da nova doença, seis dias após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a pandemia de Covid-19, que se tornaria a pior do século, alertando que o surto estava se alastrando por todo o mundo.
No Decreto n° 013/2020, o prefeito em exercício decretou situação de emergência no município, determinando isolamento da população, dispensa de licitação para medidas emergenciais, suspensão de eventos públicos e privados, suspensão das aulas, proibição de férias dos profissionais de saúde, criação de um Comitê de Operações de Emergência em Saúde Pública, entre outras medidas.
Pensávamos que a quarentena só duraria um mês ou dois. Ledo engano. Se estendeu por meses, provocando aflição, depressão e muita ansiedade. Quem não adoecia com a infecção do vírus, ficava mentalmente doente. O sentimento de medo e angústia era dominante. Máscaras cobriam os rostos, ocultavam sorrisos que não tínhamos motivos para expressar. Nas ruas avenidas vazias, não podíamos nos abraçar, apertar as mãos de nossos amigos, demonstrar nenhum afeto com toque físico. O vírus nos colocou de joelhos, nos subjugou.
Era apenas o começo do inferno, que mataria milhões de pessoas em todo mundo, ceifando vidas de muitos queridos salgueirenses. Nós não estávamos preparados para o caos que estaria por vir.
Da redação do Blog Alvinho Patriota
