Mulheres sauditas tomaram o volante neste sábado (26), como parte de uma campanha de reivindicação, no único país do mundo onde elas são proibidas de dirigir um veículo.
Inicialmente, as militantes quiseram tornar o dia 26 de outubro uma data simbólica, mas renunciaram a isso após sofrerem fortes pressões do governo.
“Uma mulher que tomou o volante em Riad e outra em Jidá (oeste) publicaram vídeos” na conta do Twitter da campanha @oct26driving, declarou à agência AFP a ativista e blogueira Eman Al Nafjan.
As organizadoras da campanha pediram na sexta-feira (25) às mulheres que se abstenham de desafiar as autoridades este sábado, após receberem ligações do Ministério do Interior, pedindo que não tomassem o volante.
O porta-voz do ministério lembrou na quinta-feira que as mulheres estão proibidas de dirigir no reino e advertiu que se aplicaria a lei “a quem a transgrida”, em um país regido por uma versão ultraconservadora do Islã sunita, o wahabismo.
Na sexta-feira, o porta-voz advertiu também que aqueles que apoiarem a campanha nas redes sociais se expõem a uma pena de até cinco anos de prisão.
Até mesmo o imã da Grande Mesquita de Meca, xeque Usama al Jayat, interveio na polêmica, ao lançar nesta sexta-feira em seu sermão uma advertência contra “os slogans que contêm reivindicações suscetíveis de ameaçar a paz social”.
“Por precaução e respeito às advertências do Ministério do Interior e para evitar que a campanha seja aproveitada por outros grupos, pedimos às mulheres que não dirijam amanhã (sábado) e transformem a iniciativa de 26 de outubro em uma campanha aberta pelo direito das mulheres a dirigir”, declarou à AFP uma ativista, Najla Al Hariri.
“A data era meramente simbólica. As mulheres começaram a dirigir antes de 26 de outubro e continuarão fazendo depois deste dia”, declarou a blogueira Eman Nafjan.
A campanha tinha sido lançada nas redes sociais. Mais de 16 mil pessoas firmaram na internet uma petição pelo direito das mulheres a dirigir, no site oct26driving.com, até que esta foi bloqueada há duas semanas.
As organizadoras da campanha destacaram desde o começo que não estão convocando nenhuma manifestação e que o que pedem é que as mulheres tomem o volante individualmente.
Seu objetivo é evitar o ocorrido em 1990, quando um grupo de mulheres fez uma carreata em Riad e foi detido.
Fonte: G1