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Justiça decreta prisão de PMs acusados da morte de Amarildo

A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva dos dez policiais militares acusados de torturar e matar o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Rocinha. Todos, inclusive o ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora da favela, já estão no Quartel-General da PM, onde esperam a transferência para o batalhão prisional.

A análise da acusação feita pelo Ministério Público levou menos de 24 horas.

A juíza da 35ª Vara Criminal do Rio, Daniela Alvarez Prado, aceitou a denúncia e também decretou a prisão preventiva do ex-comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos, do ex-subcomandante da unidade, tenente Luiz Felipe de Medeiros, do sargento Jairo da Conceição Ribas, e dos soldados Douglas Roberto Vital Machado, Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinícius Pereira da Silva, Anderson César Soares Maia, Wellington Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha da Graça.

Eles são acusados de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

Na decisão, a juíza afirma que a prisão é necessária tanto pela gravidade dos crimes quanto pela conduta dos acusados durante as investigações.

Amarildo de Souza foi visto pela última vez na noite de 14 de julho, depois de ser levado para averiguação na Unidade de Polícia de Pacificadora da Rocinha.

Segundo a denúncia do Ministério Público, quatro dias após o desaparecimento, um dos PMs, sabendo o número de um telefone que estava apreendido e que era monitorado pela polícia, usou o celular de um morador da comunidade, se passando pelo traficante Catatau, e afirmou que era um dos autores da morte de Amarildo.

Pelo relato dos promotores, o então da comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos, estava inconformado com o fracasso de uma operação contra o tráfico, realizada um dia antes do desaparecimento do ajudante de pedreiro. E determinou a seus subordinados que localizassem e trouxessem para a UPP pessoas a ligadas ao tráfico, com a finalidade de extrair informações sobre a localização das armas e drogas.

De acordo com a denúncia, o soldado Douglas Roberto Vital Machado recebeu uma ligação de uma informante. Ela contou que Amarildo estaria em um bar, com a chave de um paiol do tráfico.

Os promotores afirmam que sob as ordens do comandante e do subcomandante da UPP, Amarildo de Souza foi levado para uma região conhecida como Parque Ecológico, uma área de mata, na Rocinha. Ali, o ajudante de pedreiro foi submetido a uma sessão de tortura para que informasse o local onde estariam escondidas armas e drogas.

Segundo a denúncia, Amarildo foi torturado até a morte, com emprego de violência, sofrimento físico e mental.

De acordo com os promotores, depois de constatarem a morte do ajudante de pedreiro, e ainda sob as ordens do comandante e do subcomandante da UPP, os outros oito policiais ocultaram o cadáver em local ainda não descoberto.

Ainda segundo o Ministério Público, os PMs, aproveitando-se do fato de as câmeras localizadas na frente da UPP estarem com defeito, montaram uma versão fantasiosa de que Amarildo teria deixado o local. E passaram a fazer notícia de que ele teria sido sequestrado e morto por traficantes da Rocinha.

Se condenados, a pena mínima pela tortura seguida de morte e pela ocultação do cadáver, os dez PMs pegariam nove anos de prisão. Mas segundo criminalistas ouvidos pelo Jornal Nacional, eles poderiam deixar a cadeia depois de cumprir seis anos. Os advogados de defesa dos dez policiais militares não foram encontrados.

Fonte: Jornal Nacional

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