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Filho de presidente da Colômbia diz que campanha do pai recebeu dinheiro de traficante

Nicolás Petro, filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que a campanha do pai à Presidência recebeu dinheiro de um homem condenado por tráfico de drogas. Nicolás foi preso na semana passada, acusado de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.

Em evento no departamento de Sucre, Gustavo Petro negou saber de atividades ilegais e afirmou nunca ter “pedido a seus filhos que cometessem crimes”. “Sou o primeiro presidente a dizer à Justiça que julgue seu filho”, afirmou ele, de acordo com relato do jornal local El Tiempo.

A princípio, o primogênito do líder esquerdista havia negado todas as acusações contra ele. Depois mudou de tom, afirmando que havia decidido “iniciar um processo de colaboração”. Assim, a denúncia contra seu pai foi feita no âmbito de uma colaboração com o Ministério Público colombiano.

O procurador Mario Burgos reproduziu as declarações em audiência nesta quinta (3). Segundo ele, Nicolás “recebeu altas somas de dinheiro de Samuel Santander Lopesierra, conhecido como ‘o homem Marlboro'”.

Uma parte desse montante teria sido utilizada pelo próprio Nicolás, ex-deputado pelo departamento de Atlântico. Outra teria ido para a campanha presidencial de Petro em 2022, segundo Burgos, acrescentando que o dinheiro acabou por exceder o limite legal e parte dele não foi declarado a autoridades eleitorais.

Ainda de acordo com o procurador, Lopesierra deu a Nicolás 400 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 500 mil). Ex-deputado e ex-senador pelo departamento de La Guajira, na costa caribenha colombiana, o “homem Marboro” foi extraditado para os EUA e condenado por contrabandear cocaína para o país e lavar o dinheiro obtido para levá-lo de volta à Colômbia em 2006. Ele, então, foi sentenciado a pelo menos dez anos de prisão e a pagar US$ 4 milhões por tráfico de drogas —ele acabou cumprindo 18 anos de cárcere.

Outro suposto criminoso, Alfonso Hilsaca, acusado no passado pela Procuradoria de financiar grupos paramilitares e planejar homicídios, também teria entregado 400 milhões de pesos colombianos a Nicolás.

A denúncia revelada agora recoloca o líder da Colômbia no centro de acusações de financiamento ilegal de campanha que vieram à tona em junho. À época, áudios que teriam sido enviados a Laura Sarabia, então chefe de gabinete da Presidência, pelo coordenador da campanha de Petro, Armando Benedetti, ameaçavam revelar um esquema de arrecadação ilegal de 15 bilhões de pesos (cerca de R$ 17 milhões).

Em conversas vazadas à imprensa local, Benedetti indica haver envolvimento de Nicolás nas supostas irregularidades. “Tenho indícios por causa de Nicolás. Quando saiu a denúncia contra ele, comecei a montar o quebra-cabeça, viajei para Cartagena na semana seguinte e perguntei o que foi que aconteceu, e eles me contaram algumas histórias”, disse o ex-embaixador na Venezuela à revista Semana em junho.

A ação ocorre às vésperas de Gustavo Petro completar um ano no poder. Desde a divulgação da fala, ele fez publicações no X, o ex-Twitter, sobre outros assuntos e não se pronunciou sobre o filho na plataforma.

Nicolás é acusado pela Promotoria de “adquirir, ocultar, encobrir e dar aparência de legalidade” a recursos obtidos irregularmente, além de “incrementar de forma injustificada” seu patrimônio.

Ele se diz inocente das acusações —entre as quais a de que teria comprado uma propriedade de US$ 394 mil com recursos incompatíveis com seu salário de advogado. Se condenado, Nicolás pode pegar de 12 a 20 anos de prisão.

Fonte: Folha de S. Paulo

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