Vida FM Asa Branca Salgueiro FM Salgueiro FM

Nossa Senhora Aparecida: respeito e devoção estão presentes em várias religiões

Reconhecida como a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida é reverenciada não só pelos cristãos católicos, mas também por outras religiões, que na figura da Mãe de Jesus Cristo, expressam a fé e devoção neste 12 de outubro, dia a ela dedicado e também às crianças. A fé do povo do brasileiro à Nossa Senhora da Conceição Aparecida teve início há 305 anos em um povoado no estado de São Paulo.

“Tudo começou quando um grupo de pescadores encontrou uma imagem com a cabeça quebrada nas águas do rio Paraíba do Sul. Logo em seguida, pescaram a cabeça. O fato foi considerado extraordinário, pois o rio é muito extenso”, conta o padre Marcus Vinícius Maciel.

A imagem de Nossa Senhora foi guardada pelos pescadores por quase duas décadas, e assim a devoção à ela abrangeu outras pessoas daquele povoado. “A fé se espalhou pelo país inteiro e chegou ao Rio de Janeiro. Os relatos apontam que até mesmo a princesa Isabel tinha devoção a ela, tanto que doou uma coroa de ouro para a imagem da santa”.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi decretada como Rainha e Padroeira do Brasil, em 1930, pelo Papa Pio XI. Uma lei federal de 1980 decretou a data de 12 de outubro como feriado nacional e dia de devoção à santa. A legislação também reconheceu Maria como sendo a protetora do Brasil.

“Nossa Senhora Aparecida se tornou símbolo de integração nacional. Em um país da dimensão como o do Brasil, são poucas coisas que têm abrangência nacional como a devoção à santa”, destaca o religioso. A concretude de tudo que foi dito se dá, segundo o padre Marcus, no número de fiéis que visitam o santuário da Mãe Aparecida.

“Na cidade de Aparecida (SP) você encontra o país inteiro. É por isso que digo que ela é elemento de integração nacional. Devotos do Amazonas e do Rio Grande do Sul, separados por quilômetros de distância, se unem naquele espaço de fé. Nossa Senhora Aparecida mantém a unidade do povo brasileiro, pois quem pede com fé recebe a graça”.

Devoção além do catolicismo

Engana-se quem pensa que os louvores à Senhora Aparecida se dão somente nos templos católicos. “As pessoas de umbanda e candomblé têm muita devoção a Maria”, afirma o pai de santo Márcio Sá. Ele explica que nessas religiões a figura da santa é classificada como a orixá Oxum, que é a deusa das águas doces.

“Nos tempos da escravidão, os escravos não podiam louvar os deuses deles. Então, se prostavam nos altares dos deuses católicos, mas pela conexão que faziam com a terra e a água, que era tudo aquilo que estava por baixo, eles evocavam os deuses deles”, comenta o pai de santo.

Com o passar dos anos, os altares de candomblé e umbanda puderam expor as imagens de Oxum e de Nossa Senhora Aparecida. “A imagem de Oxum, antes, ficava escondida. Agora, nós conseguimos fazer oferendas tanto aos santos católicos, com uma vela para rezar na intenção de Nossa Senhora Aparecida, e do outro lado, velas com comidas sacras africanas”, detalha.

Em todo 12 de outubro, o pai de santo faz oferendas, geralmente, no alto da Serra do Cipó, pois, conforme destacou, o local é de águas mais claras e tranquilas. “Levamos as comidas típicas de Oxum e, ao mesmo tempo, dedicamos à Nossa Senhora uma vela, em razão do aparecimento dela”.

“Uma coincidência, que nos desperta a atenção, é que Nossa Senhora Aparecida foi encontrada em um rio de água doce, sendo assim fazemos oferendas a duas entidades num mesmo local. Tanto para o candomblé, quanto para a umbanda, o respeito fala mais alto. Quando alguém vem, por exemplo, da igreja católica não deixa de lado a devoção com os santos. Jamais vamos sair desfazendo”, complementa.

‘Respeito e consideração’

No Espiritismo, conforme explica o dirigente de fraternidade Márcio Cruz, não há uma manifestação a Nossa Senhora Aparecida, como acontece, por exemplo, na igreja católica. “Compreendemos a Mãe Santíssima e a respeitamos, pois ela teve papel importante de trazer à Terra o mestre Jesus. Ela é um espírito de valor”.

A afirmação de Cruz é reforçada pelo médium Wagner Gomes da Paixão, do Grupo Espírita da Benção. “Os espíritas, desde o tempo de Allan Kardec sempre reconheceram em Maria Santíssima um Espírito de natureza superior, merecedora da reverência moral a que fez jus, trazendo para a Terra, com sacrifício evidente e num tempo desafiador, aquele que seria imortalizado por Espírito mais puro e perfeito que até hoje o nosso mundo já conheceu.”.

O respeito à mãe de Jesus partiu do mais destacado expoente da Doutrina Espírita no Brasil, Chico Xavier, conforme cita Paixão.

“Ele nunca ocultou a reverência e, inclusive, revelou dois episódios marcantes em sua vida. Um deles é um retrato falado que um famoso pintor de São Paulo, em diversas visitas a Chico Xavier em Uberaba, foi compondo aos poucos, até sua conclusão. O resultado é uma belíssima expressão de jovem mulher que, segundo o médium mineiro, estava relacionada à forma espiritual com que a sublime Mãe de Jesus demonstrava ao visitar as regiões de sofrimento e dor onde muitas almas em culpa e remorso, em tormenta e ignorância, permaneciam, denominada essa região de zonas umbralinas, para levar consolo e auxílio espiritual, em nome de seu filho Jesus”.

Fonte: O Tempo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *