Em meio à polêmica investigação que cerca a morte do promotor de Itaíba, Thiago Faria Soares, 36 anos, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) formalizou um pedido à Justiça para que seja decretado o sigilo absoluto de informações sobre o caso. A decisão deve ser divulgada hoje. Se acatada a solicitação, os policiais e promotores envolvidos no inquérito não poderão mais falar com a imprensa sobre o assunto. O juiz Caio Neto de Jomael Oliveira Freire, que acumula as comarcas dos municípios de Itaíba e Pedra, começou a analisar o pedido na tarde de ontem. Por enquanto, a hipótese mais forte é de que a posse de terras da Fazenda Nova, na PE-300, tenha motivado a execução do promotor. O suposto mandante do crime, o fazendeiro José Maria Rosendo Barbosa, está foragido.
O pedido feito pelo MPPE foi decidido em conjunto com representantes da Secretaria de Defesa Social (SDS). O secretário Wilson Damázio afirmou que isso já estava sendo discutido desde a semana passada. “As informações repassadas pela imprensa estavam atrapalhando os trabalhos da polícia. Muita gente falava e isso trazia prejuízos ao inquérito”, disse. Ontem pela manhã, os jornalistas que acompanham o caso direto de Águas Belas foram surpreendidos pela notícia, informada pelo delegado Salustiano Albuquerque, diretor de Polícia do Interior I. “Foi uma decisão de comum acordo para que mais nenhuma informação seja divulgada. Portanto, a partir de agora, não iremos mais falar nada sobre o caso”, ressaltou Albuquerque, que é um dos integrantes da força-tarefa criada para desvendar a execução da vítima e prender os envolvidos.
Em apenas dois dias da morte do promotor, a polícia já havia traçado a principal linha de investigação: o promotor foi morto porque brigou na Justiça para que a noiva, Mysheva Martins, tomasse posse de 25 hectares de terra, adquiridos em leilão em outubro de 2012. Há cerca de três meses, Zé Maria, que vivia na fazenda, foi obrigado pela Justiça a deixar do local, levando-o a fazer ameaças constantes à família de Mysheva. Edmacy Cruz Ubirajara, 48, cunhado do suposto mandante, foi preso por suspeita de ser o executor do crime. Ele negou qualquer participação. A arma e o carro utilizados ainda não foram encontrados pela polícia. Na madrugada de ontem, foram realizadas diligências no Sítio Facão dos Britos, próximo ao município de Iati, mas Zé Maria não foi encontrado.
Diante de uma série de dúvidas, Mysheva Martins foi intimada a comparecer na Delegacia de Águas Belas por três vezes, quando prestou longos depoimentos. A polícia investiga como ela conseguiu sair do carro e escapar da morte, já que ela também seria um dos alvos dos criminosos. O empresário Glécio Oliveira, ex-namorado de Mysheva, também foi intimado, após surgir a informação de que ele teria emprestado R$ 100 mil para que Mysheva adquirisse as terras no leilão. Ele prestou depoimento na última segunda-feira, e negou o empréstimo.
Fonte: Giro Pernambuco