A chegada a Salgueiro, na década de 60 – no advento do golpe de 1964, contribuiu decisivamente para o jovem ferroviário Gonzaga Patriota participar dos movimentos sociais e políticos – de um lado os estudantes e, do outro, a fase do pré-golpe militar que traria terríveis consequências à democracia que acabara enfrentar as crises vividas na fase pós segunda Guerra Mundial e à queda de Getúlio Vargas.
Gonzaga Patriota passou a conviver (e combater) as mazelas de uma pendenga politico-eleitoral envolvendo dois grupos políticos (ambos aliados dos golpistas de 1964) e no momento em que o município perdia a Rede Ferroviária, que teve suas atividades suspensas a partir da década de 70, enquanto governo militar implantava a pavimentação das BRs- 232 e 116 (maior entroncamento rodoviário do Nordeste) criando oportunidades de trabalho e a melhoria no comercio local.
Apesar das dificuldades de comunicação (até o telefone convencional era difícil), as oposições passaram a se articular (como podiam) com a criação dos diretórios do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) liderado no em Pernambuco por Marcos Freire, Fernando Lyra, Cristina Tavares, Roberto Freire, entre outros.
Foi aí que Gonzaga Patriota – estudante do Colégio Dom Malan, passou a trabalhar com o diploma de contador e se integrou ao grupo de oposição no município mais importante do Sertão Central e, consequentemente, ampliando o poder de fogo da oposição. Criar diretórios e participar das eleições municipais eram iniciativas muito importantes porque a oposição passava a ter o seu palanque e candidatos próprios: Gonzaga Patriota foi candidato a prefeito de Salgueiro em 1976, enquanto estudava Direito na Cidade do Crato (CE) enfrentando dois candidatos governistas, sem nenhuma chance de vitória.
O grupo fazia oposição às lideranças concentradas nas famílias Sá e Sampaio, fieis escudeiros do regime ditatorial: Uma ala liderada pelo o médico Severino Alves de Sá (que foi deputado estadual e prefeito do município); do outro lado, o seu parente próximo e também médico e ex-prefeito Romão de Sá Sampaio. Ambos se amparavam politicamente nas sublegendas Arena Um e Arena Dois, que eram a mesma coisa. As duas alas recebiam as benesses do governo de 64, em todos os níveis, principalmente no controle dos empregos públicos ( sem concurso) que chegavam ao município por intermédio dos deputados governistas José Ramos e Felipe Coelho.
A oposição, rotulada de “comunista” não tinha direito a nada, nem mesmo votar em suas lideranças para prefeito da capital e governador, além ter que aceitar a figura odiosa do senador biônico. Nilo Coelho, por exemplo, foi governador do estado sem receber um voto e sua principal missão foi fortalecer o seu grupo político a partir de Petrolina. Seus irmãos Geraldo, Osvaldo, Augusto e o sobrinho Fernando Bezerra Coelho ocuparam, ao longo de muitos anos, os principais cargos eletivos no Estado, de prefeito a senador.
O núcleo oposicionista na “Terra das Carrancas” era bastante aguerrido e contava com a participação efetiva do padre Pedro Mansueto de Lavor, com origem em Serrita, além dos advogados Valter Lubarino e Geraldo Teixeira Coelho, o comerciante Joaquim Florêncio Coelho, o vereador Rui Amorim, entre outras lideranças populares que a partir do inicio da década de 80 receberam um providencial reforço com a chegada do advogado Gonzaga Patriota.
Em 1978, Mansueto de Lavor foi eleito primeiro deputado estadual pelo MDB do Sertão, sendo sucedido por Gonzaga Patriota, em 1983, enquanto o ex-padre conquistou uma cadeira na Câmara Federal, para quatro anos depois ascender ao Senado Federal, na histórica eleição de Miguel Arraes para o governo do Estado, em 1986.
A família Coelho conta, hoje, com um deputado federal e um deputado estadual, respectivamente, Fernando Filho e Antonio Coelho. O ex-prefeito Miguel Coelho, que concorreu ao Palácio das Princesas em 2022 e ficou em quinto lugar, vai precisar de paciência e esperar por alguns anos para disputar uma eleição majoritária no município e no estado. Como dizia o ex-governador Joaquim Francisco, ele vai “contemplar a massaranduba do tempo” e permanecer por um bom tempo na “planicie”.
Patriota é o responsável pela emancipação de novos municípios, do Araripe ao Moxotó
No seu mandato de deputado estadual, Gonzaga Patriota foi autor de vários projetos de emancipação dos distritos de Dormentes, Lagoa Grande, Santa Cruz, Carnaubeira da Penha, Jatobá, Santa Cruz da Baixa Verde, dentre outros, transformando abandonadas vilas em municípios autônomos e progressistas que, em poucos anos, se desenvolveram e caminham até hoje com as suas próprias pernas.
O que eram esses municípios e o que são na atualidade. Lagoa Grande, a Capital do vinho e da uva do Nordeste. Dormentes, Capital da caprinovinocultura, Jatobá, exportando energia para grande parte do Nordeste Brasileiro e tantos outros em pleno sucesso. Tramitam no Congresso Nacional, várias Propostas de Emenda Constitucional e Projetos de Lei, retornando aos Estados, a legislação para emancipação de novos municípios e Estados.
Patriota afirma que espera que Rajada, Izacolândia, Nascente, Pontas de Pedra, Ipojuca, Cruzeiro do Nordeste e tantas outras progressistas comunidades se emancipem e possam crescer com as suas populações, bem como, novas áreas se transformem em Estados, a exemplo do futuro Estado do Rio São Francisco, área que pertenceu a Pernambuco, projeto de sua autoria.
Fonte: Blog Folha do Sertão